Poesia é a maior falacia que existe na arte. De todas as formas que existem para a manifestaçao do pensamento humano, é atraves da poesia que vejo ele se apresentar com o aspecto mais mascarado. Nao querendo discriminar a Poesia (Jamais!), até porque por intermedio dela é que o pensamento mais se mostra (e mais se esconde); é ao mesmo tempo intimista e aérea.
Como ja havia dito certa vez Mestre Ivan, "a poesia é algo que se dá; ela está em todo lugar e em lugar nenhum". Mais correto nao poderia estar. Podemos entao traçar o paralelo dessa afirmaçao com a forma como a poesia surge. Em primeira instancia, declaro a poesia como falacia em decorrencia da sua extrema facilidade em nao possuir (ao menos nao necessariamente) laço algum com o interior e/ou exterior do poeta; nao precisa haver verdadeira identificaçao e/ou experimentaçao do que se escreve com quem escreve em termos espirituais (lê-se: de forma interior, mental, sensorial), pois o poeta pode utilizar-se da experiencia de outrem, relatos de terceiros para conceber sua obra: aí mora a Falacia.
Falacia nada mais é do que uma mentira com ar de verdade (*mesmo havendo outras definiçoes e conotaçoes, é com essa que estaremos trabalhando). Como ja havia escrito em um poema, "a mentira é uma mascara que se usa depois do Carnaval". Toda mentira é uma mascara da Verdade, e eu acredito nisso. Dessa forma, temos uma segunda modalidade poetica, de onde surge uma Poesia verdadeira em suas singularidades. Note que foi citada a "mascara" da verdade, e logo em seguida afirmo haver uma poesia pura, firmada em verdades. Essa Poesia dá-se através da experiencia do poeta; vivencia do que se escreve. Apesar de ser mais verdadeira que a anterior, essa modalidade ainda é concebida de forma deturpada e variante. Digo isso porque tudo o que é absorvido pela mente passa antes pelos sentidos: é ai onde vai ocorrer a subversao da experiencia, e é ai que vai surgir a falacia (apesar de nao o ser do ponto de vista de quem escreve).
A terceira modalidade poetica é, em termos, a minha predileta e a mais deficiente de aceitaçao e apreciaçao ao seu tempo. É a poesia do velho Heine, Nietzsche (sim!) entre tantos outros que me fogem à mente. Essa forma poetica é um mixto e ao mesmo tempo uma distanciaçao das duas primeiras formas apresentadas; usa da imaginaçao e da experiencia para escribar. Peculiaridades? A tematica. Normalmente, essa poesia carrega consigo o estigma de sua epoca; saturada de grande depreciaçao do agora e antecipaçao em relaçao ao seu tempo; é tambem altamente suprida de um teor filosófico brilhante (sendo assim uma poesia mais critica e analitica que as demais). Onde mora a falacia dessa Obra? Está no que se percebe o corpo da poesia: é justamente esse teor filosófico (que nao precisa necessariamente ser algo construtivo, ex: Niilismo) que denegre e acaba por decretar a falsa verdade.
Temos ainda uma quarta maneira de poetisar, e essa é a unica onde nao consigo apontar falacias. É a poesia pedagogica, a unica que permaneceu na cidade idealizada por Platao: a poesia como fim educativo. Agora que penso melhor, talvez encontremos algo se nos utilizarmos do ponto de vista etnocentrico; mas de qualquer forma, essa modalidade acaba por se confundir em alguns pontos com a anteriormente citada, já que ambas vem carregadas de uma doutrina comportamental muito forte; no entanto, eata ultima deriva de uma experiencia coletiva, ja que acusa um modo de agir que nao foi idealizado (nao inteiramente) pelo poeta, concretizando a falacia.
O mais curioso e belo da Poesia é que, apesar das quatro possuirem seus principios em uma raiz vã, a verdade continua a existir na mente de quem lê e escreve. Meus proprios argumentos podem (e devem!) ser tidos como a meras falácias, mentiras com gosto de verdade, quando ditas corretamente (malditos sofistas!).
A beleza, assim como a verdade, está nos olhos de quem vê.
domingo, 6 de julho de 2008
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