sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Aforismo.

'O mundo anda imundo demais,
os dias perderam a luz do Ser,
aquela imensa totalidade transformou-se em vazio.'

O sentido do que eu faço começa a perder-se entao, a partir do momento em que nao há expectadores no meu show, meu teatro desmorona, meus livros se rasgam, minha flor murcha. Mas assim me pergunto: nao é esse o sentido de toda vida: Acabar, exvair-se com o tempo?
Algoz de todos nós, a esse chamo Tempo. O Senhor de tudo o que se conhece, mata com indiferença, esse que tudo vê e que nunca mostra os olhos.

Enquanto meu amor cantar, enquanto o sol se puser, tudo é valido, menos a desistencia. (...) Pensando bem, a desistencia é a porta pra um recomeço.

Eu queria ter alguem pra trocar cartas, pra resgatar a essencia da espera, a essencia das palavras e a demencia do amor. Da paixao já estou farto. Meu coraçao precisa é de amar, mas quem vai me ensinar o que é o amor? Como saber se já nao o conheço, como, senao buscando?

As vezes parece que o sentido maior da vida é a busca. É só o que fazemos: a busca de respostas, a busca da felicidade, a busca da Salvaçao. Como disse Raul, 'é chato chegar a um objetivo num instante', mas nunca alcançar nao é a coisa mais legal do mundo.
Minha alma adolescente, meu coraçao juvenil nao tem Tempo, e quando o tiver, será com uma faca em meu pescoço.

'O mundo anda imundo demais,
e eu faço parte dessa sujeira.'

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Sugestoes.

Livros:
"As Brumas De Avalon" - Marion Zimmer Bradles* :)
"Os Premios" - Julio Cortazar
"Assim Falou Zaratustra" - F. Nietzsche

Cd:
"London Calling" - The Clash
"4" - Los Hermanos
"Ventura" - Los Hermanos
"The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders From Mars" - David Bowie

Filme:
"O Fabuloso Destino de Amelie Poulain"
"Laranja Mecanica"
"Munique"
"V de Vingança"

domingo, 27 de julho de 2008

Da Rotina II

Quando a vida vai rapido demais, a gente esquece de olhar pros lados, de aproveitar o passeio no Carro. Esse é, pra mim, o grande problema de crescer. O dia-a-dia exige cada vez mais de nós, e essa cobrança começa a ser implantada de tal form a (especialmente pelos familiares), que nós mesmos começamos a nos cobrar: é ai que começa o fim.
O sentido das coisas está justamente no que nao se entende, no mutavel, no incompreensivel.
Quando as coisas começam a tornarem-se mecanicas demais, começam a serem previsiveis; a Rotina nasce e o Diabo aparece.
Por um outro lado, sem essa mesmice nao haveria a "diferentice", e se tudo fosse diferente o tempo todo, aí moraria a mesmice da vida, a Rotina seria fazer tudo diferente todo dia.
O meio termo se mostra exatamente aí, onde o Fazer - esse verbo que demonstra açao e reaçao - torna-se a balança, o peso e a medida, a seu tempo.
O problema é quando o tempo muta no imutavel; quando tudo parece muito igual, e o tempo das coisas nunca chega. Ou pior, passa muito rapido.
Por isso existe, e eu creio piamente, nessa nescessidade de aproveitarmos nao só a vida, mas as vidas, saber pegar pra si o maximo de tudo que está ao seu redor, absolver com maestria, como uma profissional do sexo, deleitando ao extremo cada momento e suas subdivisoes, suas redundancias e repetiçoes. Conjugue o verbo 'viver' e seus sinonimos.
Até mesmo as más experiencias sao boas ao seu tempo, mas o Tempo, é só um.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Da Rotina.

- Rotina por rotina, só sobra o pensar: o que a gente esquece de esconder, de guardar pra si e só, aquilo que vai dar origem à experiência.
Experiência não é – necessariamente – vivencia, experiência é discernimento, saber olhar através, ver o que ainda está por se mostrar.
O que faz envelhecer não é o viver em si, mas sim o NÃO viver. Não saber experimentar o mundo de sensações que a vida oferece é que deveria ser pecado, e o Diabo que nos leva a cometer tal atrocidade é a Rotina: essa onipresente abstração do mal.
Tá bom, não sejamos tão poéticos e revoltosos.
Imaginem vocês, caros leitores, ao acordarem, banharem (a maioria, espero), fazerem o desjejum, irem ao trabalho, escola, cursinho (etc).Quando começamos a repetir tais ações demasiadas vezes de maneira igual, perdemos a sensibilidade auditiva. Se pararmos para ouvir, haverá um silencio quase que ensurdecedor em forma de canção nos rodeando: é a flauta da Rotina a tocar, cantando até adormecer vossos corações e vossas vidas.
Haja sagacidade em nosso espírito, haja liberdade.

domingo, 6 de julho de 2008

Falacia e Poesia

Poesia é a maior falacia que existe na arte. De todas as formas que existem para a manifestaçao do pensamento humano, é atraves da poesia que vejo ele se apresentar com o aspecto mais mascarado. Nao querendo discriminar a Poesia (Jamais!), até porque por intermedio dela é que o pensamento mais se mostra (e mais se esconde); é ao mesmo tempo intimista e aérea.
Como ja havia dito certa vez Mestre Ivan, "a poesia é algo que se dá; ela está em todo lugar e em lugar nenhum". Mais correto nao poderia estar. Podemos entao traçar o paralelo dessa afirmaçao com a forma como a poesia surge. Em primeira instancia, declaro a poesia como falacia em decorrencia da sua extrema facilidade em nao possuir (ao menos nao necessariamente) laço algum com o interior e/ou exterior do poeta; nao precisa haver verdadeira identificaçao e/ou experimentaçao do que se escreve com quem escreve em termos espirituais (lê-se: de forma interior, mental, sensorial), pois o poeta pode utilizar-se da experiencia de outrem, relatos de terceiros para conceber sua obra: aí mora a Falacia.
Falacia nada mais é do que uma mentira com ar de verdade (*mesmo havendo outras definiçoes e conotaçoes, é com essa que estaremos trabalhando). Como ja havia escrito em um poema, "a mentira é uma mascara que se usa depois do Carnaval". Toda mentira é uma mascara da Verdade, e eu acredito nisso. Dessa forma, temos uma segunda modalidade poetica, de onde surge uma Poesia verdadeira em suas singularidades. Note que foi citada a "mascara" da verdade, e logo em seguida afirmo haver uma poesia pura, firmada em verdades. Essa Poesia dá-se através da experiencia do poeta; vivencia do que se escreve. Apesar de ser mais verdadeira que a anterior, essa modalidade ainda é concebida de forma deturpada e variante. Digo isso porque tudo o que é absorvido pela mente passa antes pelos sentidos: é ai onde vai ocorrer a subversao da experiencia, e é ai que vai surgir a falacia (apesar de nao o ser do ponto de vista de quem escreve).
A terceira modalidade poetica é, em termos, a minha predileta e a mais deficiente de aceitaçao e apreciaçao ao seu tempo. É a poesia do velho Heine, Nietzsche (sim!) entre tantos outros que me fogem à mente. Essa forma poetica é um mixto e ao mesmo tempo uma distanciaçao das duas primeiras formas apresentadas; usa da imaginaçao e da experiencia para escribar. Peculiaridades? A tematica. Normalmente, essa poesia carrega consigo o estigma de sua epoca; saturada de grande depreciaçao do agora e antecipaçao em relaçao ao seu tempo; é tambem altamente suprida de um teor filosófico brilhante (sendo assim uma poesia mais critica e analitica que as demais). Onde mora a falacia dessa Obra? Está no que se percebe o corpo da poesia: é justamente esse teor filosófico (que nao precisa necessariamente ser algo construtivo, ex: Niilismo) que denegre e acaba por decretar a falsa verdade.
Temos ainda uma quarta maneira de poetisar, e essa é a unica onde nao consigo apontar falacias. É a poesia pedagogica, a unica que permaneceu na cidade idealizada por Platao: a poesia como fim educativo. Agora que penso melhor, talvez encontremos algo se nos utilizarmos do ponto de vista etnocentrico; mas de qualquer forma, essa modalidade acaba por se confundir em alguns pontos com a anteriormente citada, já que ambas vem carregadas de uma doutrina comportamental muito forte; no entanto, eata ultima deriva de uma experiencia coletiva, ja que acusa um modo de agir que nao foi idealizado (nao inteiramente) pelo poeta, concretizando a falacia.
O mais curioso e belo da Poesia é que, apesar das quatro possuirem seus principios em uma raiz vã, a verdade continua a existir na mente de quem lê e escreve. Meus proprios argumentos podem (e devem!) ser tidos como a meras falácias, mentiras com gosto de verdade, quando ditas corretamente (malditos sofistas!).
A beleza, assim como a verdade, está nos olhos de quem vê.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Nostalgia

A vida vai passando, os dias cada vez mais rapidos, e a gente nao sabe aproveitar.
Bons tempos em que a gente só precisava ir ao colegio, comer, dormir, e desfrutar do fim de tarde assistindo TV Manchete.
O bom de tudo é que nao tem muita coisa boa pra levar disso tudo, só o sentimento, só a lembrança.
'Jovens Tardes de domingo, tantas alegrias: velhos tempos, belos dias.'

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Instantaneo

(Ode) a Nietzsche
-
Diga "alô" ao seu redentor
Peça noticias de sua vida
Reze em vão, peça perdao,
ame o mundo que te fere a ferida
Silencie o medo que te faz chorar
Ignore o desejo que te faz sofrer
Estenda a mão para que te tomem o braço:
dê em troca um abraço e o outro braço a torçer.
A vida mais doce é não pensar em nada.


(Heitor Cardoso)

Instantaneo

Congenito.
-
Correndo e correndo, fugindo pra onde?
Nao se sabe de que estamos..
Correndo e vivendo, bebendo da fonte
e a agua da vida secou nos meus labios
Eu tentei entender minha cabeça,
mas é loucura pensar que estamos sãos
E por achar isso importante demais
deixei a vida levantar do meu colchao.
Dormindo no berço das horas estamos todos nós
e pra mim, ja é hora de acordar.
Adeus, já vou, tchau.

(Heitor Cardoso)

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Instantaneo















Mera Distraçao

Seu jeito tao discreto me atrai
seus olhos sempre inquietos me distraem
tua boca tao bonita e tao vulgar me convidam pra uma noite de prazer
Te vi tao poucas vezes nada mais;
um só dialogo feito se desfaz
se eu te vejo e voce é incapaz de me notar

Eu e voce apenas pura atraçao, a vida é curta e voce é mera distraçao
Tipo perfeito, de mulher imperfeita pra mim

Se o teu olhar carente corta o meu, baixo a cabeça, desfarço, passo direto por voce
Teus olhos sempre inquietos nao me veem
e eu fico arrependido por te ver passar assim
E eu digo - 'vem ver mais um por do sol comigo, um solitario, sou apenas eu e voce'
Eu sei que vale a pena a distraçao, o que hoje nao se faz por uma noite de prazer

Eu e voce apenas pura atraçao, a vida é curta e voce é mera distraçao
Tipo perfeito, de mulher imperfeita pra mim


(Teo Malvine ; Heitor Cardoso)

terça-feira, 6 de maio de 2008

Apenas mais um aforismo...

Bem, Flamengo mais uma vez ganha. Multidoes saem nas ruas empunhando bandeiras, gritando pros quatro cantos que amam o time. Antes de começar queria deixar bem claro que o que me impulsiona nao é o fato de eu ser Vascaino \o/ Vou me aventurar agora numa area onde confesso nao ter muito conhecimento, mas o que vale é pathos.
Domingo a noite, depois de vinho e cigarros (e supracitando: baderna incessante por parte dos flamenguistas!), mas uma vez cai em uma das minhas 'bobeiras filosoficas'. Estamos em pleno seculo XXI, em breve, mudanças (especialmente economicas - que logo implicarao em sociais -,) drasticas acontecerão que vao modificar bruscamente o modo de vida do brasileiro, e o problema em si nao sao as mudanças, mas sim as atitudes da populaçao.
Nao é de hoje que o bem estar do povo (especialmente dos menos abastardos) é ameaçado graças a política - logo ela que deveria servir de auxílio - e os pseudo-despotas que teimam em querer reinar soberanos, devastando uns aos outros, numa carnificina incessante. Enquanto os elefantes brigam as formigas assistem de camarote a morte chegar, e infelizmente, nesse jogo a bola da vez é a apatia. O comodo tomou conta do brasileiro. Me sinto até envergonhado de usar essa palavra "comodo", dado a situaçao financeira da maioria.
Bons tempos em que nossos pais vestiam a camisa na luta em busca de seus direitos, e empunhavam a bandeira da açao, da liberdade, da atitude. A vida tinha bem mais sentido naqueles dias, imagino.
Como ja nao bastasse utilizar-se do 'ócio' (palavra errada, acho) de forma indevida, o 'adolescente sec. XXI' subverteu a liberdade que herdou, transformou-a em libertinagem. Acho que nao há nada mais frustrante do que lutar em vâo, e acho que é mais ou menos assim que meus pais e avós se sentem quando vêem o noticiario anunciando que grupo de jovens espancou domestica, ou coisa similar.
Todo esse caos e descaso é contrastado ainda com o vampirismo político, que crava no pescoço do nosso Brasil-naçao seus caninos sedentos. A cada novo dia nos aparece um Robin Hood, um novo redentor, com promessas de mudança, mas quando conseguem algo, a mascara sempre acaba caindo e a figura que se revela é algo muito mais horrendo do que a criaçao do proprio Bram Stoker.
Falta sentimento, falta coragem e falta perspectiva para o jovem brasileiro, no que diz respeito ao futuro do país; se realmente sao o futuro da naçao, parece que o fim está proximo.
Fazendo entao uma especie de auto-retrato, gostaria de terminar citando Gessinger:
"Pertenço a um pais que nao me pertence."
(Engenheiros do Hawaii - A Conquista do Espaço)

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Agonize em Paz.




' Hey hey, my my
Rock and roll can never die
There's more to the picture
Than meets the eye.
Hey hey, my my.

Out of the blue and into the black
You pay for this, but they give you that
And once you're gone, you can't come back
When you're out of the blue and into the black.

The king is gone but he's not forgotten
Is this the story of Johnny Rotten?
It's better to burn out 'cause rust never sleeps
The king is gone but he's not forgotten.

Hey hey, my my
Rock and roll can never die
There's more to the picture
Than meets the eye.
Hey hey, my my.'




~ Bem, pra inaugurar aqui o blog, composiçao de uns dos genios da musica, que ganhou renome no finzinho da decada de 60 chegando na de 70 ja - e que vitoriosamente continua na batalha - o grande e multifacetado Neil Young (quem sabe nao dedico um post a ele quando eu ficar mais ferinha \o/ ).
A musica do post nao foi escolhida a toa, e a razao pra tal escolha é simples, ela é só mais um remedio pra angustia que eu sinto sempre que saio na rua e me deparo com a triste realidade do cenario musical.
Hoje no meio da aula de matematica *cursinho* me peguei cantarolando "Toda Forma de Poder" do Engenheiros do Hawaii (salve Gessinger!), quando me toquei que tava atrapalhando a mocinha que sentava ao meu lado,
voltei a cantar dentro da minha cabeça (nao sou maluco, juro!) e comecei a refletir. Bons tempos em que fazer musica era algo mais relevante, onde a musica era instrumento da liberdade, de uma expressao significativa.
Agora que eu parei pra pensar, parece que Gessinger tava falando do nosso futuro cultural quando cantou 'Eu presto atençao no que eles dizem mas eles nao dizem nada';
estamos como cegos num classico western, e o mocinho do filme é que nos vendou.
(...)
Mais triste ainda fica minh'alma (\o/) quando eu penso na produçao cultural que a proxima geraçao vai herdar: bandinhas como Strike, ForFun, - e só pra nao dizer que nao lembrei das rosas - Sorriso Maroto (...)
'musicas' que sao quase deusificadas como 'Créu' , 'Rap das Armas', e tantas outras criaçoes sem sentido algum e que sao verdadeiros tiros à queima roupa disparados contra a cultura e a indole.. As vezes da ate vontade de restaurar a censura :~
E pensar que eu achava que meu pai *(conhecedor profundo de Beatles \o/) nao sabia o que ele dizia quando ele me via escutando esses manés pop's do momento.
È tudo muito triste, mas eu nao culpo os jovens; afinal, eles sao forçados a escolher seus herois num cenario onde o niilismo prevalece.

. A mídia vai matar a musica, escreve o que eu to falando... Enquanto isso, que ela agonize em paz.